Dicas de Cultura Inútil

Se você tenta ler Nietzsche ou Joyce e não consegue, tenta assistir Godard ou Bergman e dorme no meio, não diferencia Monet de Manet e nem sabe quem foi Emmanuel Kant, PARABÉNS! Você está no blog certo!

06 junho, 2006

Da Série, "Vivendo e se Fudendo" - I

Ontem eu fui buscar meus passes de Metrô, como sempre faço, quando a responsável pelo vale-transporte me avisa que o banco onde eu trabalho não vai mais fornecer os bilhetes, e que os créditos do Metrô vão ser feitos no cartão do Bilhete Único.

A desgraça é que eu tinha um cartão desse (é uma longa história, eu achei que precisava), mas começou a acumular porque eu não andava tanto de ônibus. Então eu cancelei o vale-transporte e um colega me disse que depois de usar os créditos eu podia jogar o cartão fora.

Bom, eu vendi o cartão para uma amiga, que agora se encontra na Bolívia. Nem lembrava mais disso, até que ontem a merda aconteceu. A questão é: uma vez que já tive o cartão, a empresa não pode pedir 2ª via e sou obrigado a pegar uma com a SP Trans para andar de Metrô.

Sintam o drama: tive que ligar para o 156 da PMSP, cancelar o cartão antigo (Desculpa, Regina!!), dizer que perdi o dito cujo e anotar um código de atendimento. Agora, preciso esperar 3 dias úteis, ir até um posto da SP Trans com os documentos e o tal código, PAGAR R$14,00 PELA 2ª VIA e sei lá quando vou receber o plástico.

E NÃO ACABOU!! Preciso levar o cartão novo no banco e transferir os créditos pendentes para ele, o que vai me tomar mais não sei quanto tempo. E aí, a culpa é de quem? Estou seriamente tentado a crucificar o meu ex-colega, se ele tivesse dito para guardar o cartão comigo, eu teria feito isso. Não sabia que esse negócio de vale-transporte era tão complicado... ¬¬

Por isso que eu falo que ser classe média e assalariado no Brasil é a pior roubada. Quem é muito pobre consegue até uns R$1.000,00 líquidos pedindo esmola, recebe Ajuda isso, Ajuda aquilo, Vale-Coxinha, não paga IPTU, IPVA, IR, Aluguel, etc. Quem é muito rico vive cagando e andando pro mundo real, se forma em direito/medicina, vai ser político, administra a herança e não tem qualquer preocupação financeira (dinheiro atrai dinheiro, é lei universal da Economia).

Agora, é classe média? Tem carteira assinada? Tem um carro? Tem uma casa? Pronto, toneladas de impostos, contas, multas, burocracia, telemarketing, mala direta, fulano liga, toca a campanhia, "Tem coisa para dar?", "Ajuda eu, tio!", "Sua ligação é muito importante para nós...", etc, etc, etc. Depois o pessoal fala que a gente é pão duro, sem coração e alienado porque não quer saber de política.

Estou muito amargo? Então vamos fazer uma troca, se alguém quiser fazer o favor de perder tempo, paciência e dinheiro (14 reais da 2ª via + passes de Metrô para eu poder trabalhar) na SP Trans para pegar o meu Bilhete Único, eu prometo doar um mês do meu salário para o próximo Criança Esperança. É justo, não é? :D