Dicas de Cultura Inútil

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11 fevereiro, 2008

A Rainha da Formatura

Houve uma época em que ser paranormal no cinema era uma coisa difícil. Sem o charme e o heroísmo dos X-men para servir de parâmetro, ter qualquer tipo de poder extra-sensorial (telepatia ou telecinese) era uma verdadeira maldição. Podemos incluir Scanners (1981) nessa lista, mas estou falando especificamente de Carrie, A Estranha (Carrie, 1976).

Adaptado do primeiro romance de Stephen King, o filme conta a história de uma menina reprimida, alvo constante das gozações e maldades das colegas de escola. Filha de uma mulher fanaticamente religiosa, que vive e age como uma puritana do séc. XVI, Carrie (Sissy Spacek, numa perturbadora interpretação) vai encontrar um ombro amigo apenas na professora de educação física, a Sra Collins.

O que ninguém sabe, mas fica bastante claro para o espectador, é que essa garota infeliz e confusa começa a manifestar poderes mentais, logo após menstruar pela primeira vez. Desse momento em diante, inicia-se uma série de eventos que terão seu clímax macabro na famosa cena do baile de formatura, pela qual o filme é conhecido.

O diretor, Brian De Palma, na época estava em ascenção. Inspirado, ele fez de Carrie um rico exemplo de simbolismos e paralelos interessantes. Basta ver como o sangue conecta a cena do vestiário com a do baile, nas duas vezes em que a protagonista é humilhada publicamente. Ou como a morte de determinada personagem remete à imagem do santo flechado, que está no quartinho de orações da casa da menina.

Audacioso, o sujeito ainda teve a coragem de renomear a escola da personagem como Bates High School, reaproveitando os acordes sinistros compostos por Bernard Herrmann, numa clara "homenagem" a Psicose (Psycho, 1960). Pena que a carreira dele começou a oscilar depois, não fazendo mais por merecer o título de discípulo de Hitchcock.

Segue o trailer:


2 Comments:

  • At segunda-feira, 03 março, 2008, Blogger Fabio said…

    O título de discípulo ele não merece, é só um imitador mesmo. É fácil copiar tudo e depois sair dizendo que é homenagem. Basta ver Dublê de corpo e Vestida para matar. Nem de longe a finesse do mestre.

    Para o meu paladar, falta "sustança" a esse Brian de Palma. Nem de Carrie eu gosto tanto assim. Mas valeu o comentário. Dentro da obra dele, é um filme legal.

     
  • At segunda-feira, 03 março, 2008, Anonymous Anônimo said…

    Só lembrando, o título de "discípulo" não foi invenção minha. A mídia sempre tratou de Palma desse jeito, principalmente no começo dos anos 80. De tempos em tempos eles elegem um "salvador" para o cinema. Até Shayamalan já foi chamado de "Novo Hitchcock", como se o mundo precisasse de outro igual...

     

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