PAPO SÉRIO?
Ultimamente eu penso numas coisas diferentes, do tipo que a gente só pensa quando a vida te atinge de frente. É mais ou menos como aquelas filosofadas que surgem quando um parente (não tão próximo) morre. Parece que, como a dor não é tão forte, a nossa mente encontra finalmente uma brecha para matutar sobre as questões primordiais da humanidade (você sabe: Quem somos? Para onde vamos? etc).
Não, não aconteceu nada de ruim comigo, nem com ninguém próximo, pelo menos que eu saiba (TOC!TOC!TOC!). São pensamentos que brotaram do nada e que se dissipam assim que tento organizar o troço num texto para colocar aqui. Se eu pensasse de maneira linear, era mais fácil de registrar, mas o cérebro humano é uma bosta. A gente pensa de maneira entrecortada, desconexa, fazendo associações tão rapidamente que perdemos o fio da meada antes mesmo de encostar no teclado.
Enquanto a telepatia não chega, precisamos nos esforçar para que os outros nos entendam, com um mínimo de clareza. Vamos, então, do início: Meu irmão, 3 anos mais novo, vai ser pai. Estou com 33 anos e ainda não tenho condições financeiras de colocar um filho no mundo. Sou casado e minha esposa trabalha muito para que possamos ter uma vida decente (leia-se, de classe média, na falta de uma definição melhor para quem não é rico e nem pobre).
Eu também trabalho e, atualmente, estudo que nem louco para conseguir um emprego que pague as contas, sobrando dinheiro para eu gastar no que quiser. Estou ralando como nunca ralei antes, sacrificando-me de verdade para melhorar de vida. Afinal, todo mundo faz isso, não é? Em troca daquela promessa vaga de sucesso e de "felicidade", vendemos nossa alma para quem pagar mais. Não é assim que a coisa funciona?
Pois eu quero pensar além desses rótulos, sair do sistema e ver as coisas como elas são. Somos tão doutrinados a pautar nossa existência pelo que se convenciou chamar de capitalismo, que não paramos para pensar no que está fora. Nós crescemos absorvendo esses valores, acreditando que eles são intocáveis. Aprendemos na escola que "o modo de produção capitalista é aquele em que a classe dominante possui os meios de produção, enquanto o resto apenas contribui com sua força de trabalho".
Reconhecemos isso como real porque é o que vemos na prática, mas nunca questionamos de verdade: "Quem é a classe dominante?", "O que são meios de produção?" e "Quem é o resto?". Os professores marxistas diziam que a burguesia era a classe dominante e que os operários eram explorados por ela, deixando implícito que nós éramos os últimos. Não podemos culpá-los por pensar assim, já que eles ganhavam uma merreca.
Resumindo, temos uma porção de nomes e nenhuma definição. Do modo como eu vejo a coisa, a humanidade começou a dar errado assim que um filho da puta das cavernas, ao invés de sair para caçar o mamute, convenceu os outros a deixá-lo ali para vigiar o local e "cuidar" das mulheres. Esse foi o nosso pecado original, se nossos ancestrais tivessem detonado o desgraçado, talvez a nossa vida estivesse bem melhor hoje.
A constatação é óbvia: uma vez que a sobrevivência do sujeito estava garantida, para que ele ia botar a mão na massa? Era muito mais fácil enganar os outros, fazê-los acreditar que era vantajoso tê-lo no grupo, nem que para isso o cara tivesse que inventar um monte de porcarias que não existiam até aquele momento (religião, filosofia e política, por exemplo). Com o tempo, esse comportamento passou a ser imitado por alguns e acabou perpetuando-se em nossa espécie, já que eles tinham mais acesso às fêmeas. Pronto, nasceu o sistema de muitos que trabalham e poucos que aproveitam.
Alguém tem a mínima dúvida de que, se cada um cuidasse do que é de todos, haveria necessidade de um poder público? Exemplos: Hoje eu vi uma placa de trânsito de mão única, encoberta pelos galhos de uma árvore. Outro dia um caminhão de entulho deixou cair vários tijolos no meio da minha rua. Nos dois casos eu tive vontade de agir, de cortar os galhos e recolher os detritos, mas parei e pensei como isso causaria estranheza aos meus vizinhos. Temos enraizada uma dependência mortal de algo que faça aquilo que ninguém faz.
No mundo moderno, todo mundo quer ser o cara esperto, que fica na caverna enquanto os outros caçam o mamute. E o sistema nos diz o seguinte: ou você nasce na caverna, ou seja, rico, ou, se você matar mais mamutes do que os outros, você pode ficar na caverna. Só que o sistema não sabe que os paquidermes peludos já foram extintos, e que, na prática, estamos caçando uns aos outros.
Dizem que o sistema está se transformando, que as empresas agora tem "responsabilidade sócio-ambiental", que o homem não destrói mais a natureza como antigamente. Existe, sim, um volume muito grande de teóricos que falam isso, e até algumas empresas que tentam implementar ações nesse sentido, mas não podemos nos iludir. Por enquanto tudo não passa de uma jogada de marketing para criar uma imagem mais "humanizada" do capitalismo.
Enquanto a injustiça social e a desigualdade econômica foram a mola-mestra do sistema (Bato na mesma tecla: se você tivesse saúde, moradia, emprego, educação e segurança adequadas, ia ralar que nem um camelo para que?), o mundo vai seguir como sempre foi. Não existe alternativa a curto prazo, a menos que TODOS consigam terminar seu doutorado e garantir um emprego com salário de 5 dígitos. Mas, para isso acontecer de verdade, teremos que criar robôs que reciclem nosso lixo e limpem nossas casas, executando todas as atividades que consideramos "indignas".
Era mais ou menos isso que eu estava refletindo. Eu queria ter colocado mais coisas, sobre conhecer e convencer as pessoas de que você tem o que elas procuram, como funciona esse esquema dentro da grande empresa na qual eu trabalho, mas acho que isso vai ficar para o meu livro. Desde já, conto com vocês para a festa de lançamento, hein? Não Percam!!!
Não, não aconteceu nada de ruim comigo, nem com ninguém próximo, pelo menos que eu saiba (TOC!TOC!TOC!). São pensamentos que brotaram do nada e que se dissipam assim que tento organizar o troço num texto para colocar aqui. Se eu pensasse de maneira linear, era mais fácil de registrar, mas o cérebro humano é uma bosta. A gente pensa de maneira entrecortada, desconexa, fazendo associações tão rapidamente que perdemos o fio da meada antes mesmo de encostar no teclado.
Enquanto a telepatia não chega, precisamos nos esforçar para que os outros nos entendam, com um mínimo de clareza. Vamos, então, do início: Meu irmão, 3 anos mais novo, vai ser pai. Estou com 33 anos e ainda não tenho condições financeiras de colocar um filho no mundo. Sou casado e minha esposa trabalha muito para que possamos ter uma vida decente (leia-se, de classe média, na falta de uma definição melhor para quem não é rico e nem pobre).
Eu também trabalho e, atualmente, estudo que nem louco para conseguir um emprego que pague as contas, sobrando dinheiro para eu gastar no que quiser. Estou ralando como nunca ralei antes, sacrificando-me de verdade para melhorar de vida. Afinal, todo mundo faz isso, não é? Em troca daquela promessa vaga de sucesso e de "felicidade", vendemos nossa alma para quem pagar mais. Não é assim que a coisa funciona?
Pois eu quero pensar além desses rótulos, sair do sistema e ver as coisas como elas são. Somos tão doutrinados a pautar nossa existência pelo que se convenciou chamar de capitalismo, que não paramos para pensar no que está fora. Nós crescemos absorvendo esses valores, acreditando que eles são intocáveis. Aprendemos na escola que "o modo de produção capitalista é aquele em que a classe dominante possui os meios de produção, enquanto o resto apenas contribui com sua força de trabalho".
Reconhecemos isso como real porque é o que vemos na prática, mas nunca questionamos de verdade: "Quem é a classe dominante?", "O que são meios de produção?" e "Quem é o resto?". Os professores marxistas diziam que a burguesia era a classe dominante e que os operários eram explorados por ela, deixando implícito que nós éramos os últimos. Não podemos culpá-los por pensar assim, já que eles ganhavam uma merreca.
Resumindo, temos uma porção de nomes e nenhuma definição. Do modo como eu vejo a coisa, a humanidade começou a dar errado assim que um filho da puta das cavernas, ao invés de sair para caçar o mamute, convenceu os outros a deixá-lo ali para vigiar o local e "cuidar" das mulheres. Esse foi o nosso pecado original, se nossos ancestrais tivessem detonado o desgraçado, talvez a nossa vida estivesse bem melhor hoje.
A constatação é óbvia: uma vez que a sobrevivência do sujeito estava garantida, para que ele ia botar a mão na massa? Era muito mais fácil enganar os outros, fazê-los acreditar que era vantajoso tê-lo no grupo, nem que para isso o cara tivesse que inventar um monte de porcarias que não existiam até aquele momento (religião, filosofia e política, por exemplo). Com o tempo, esse comportamento passou a ser imitado por alguns e acabou perpetuando-se em nossa espécie, já que eles tinham mais acesso às fêmeas. Pronto, nasceu o sistema de muitos que trabalham e poucos que aproveitam.
Alguém tem a mínima dúvida de que, se cada um cuidasse do que é de todos, haveria necessidade de um poder público? Exemplos: Hoje eu vi uma placa de trânsito de mão única, encoberta pelos galhos de uma árvore. Outro dia um caminhão de entulho deixou cair vários tijolos no meio da minha rua. Nos dois casos eu tive vontade de agir, de cortar os galhos e recolher os detritos, mas parei e pensei como isso causaria estranheza aos meus vizinhos. Temos enraizada uma dependência mortal de algo que faça aquilo que ninguém faz.
No mundo moderno, todo mundo quer ser o cara esperto, que fica na caverna enquanto os outros caçam o mamute. E o sistema nos diz o seguinte: ou você nasce na caverna, ou seja, rico, ou, se você matar mais mamutes do que os outros, você pode ficar na caverna. Só que o sistema não sabe que os paquidermes peludos já foram extintos, e que, na prática, estamos caçando uns aos outros.
Dizem que o sistema está se transformando, que as empresas agora tem "responsabilidade sócio-ambiental", que o homem não destrói mais a natureza como antigamente. Existe, sim, um volume muito grande de teóricos que falam isso, e até algumas empresas que tentam implementar ações nesse sentido, mas não podemos nos iludir. Por enquanto tudo não passa de uma jogada de marketing para criar uma imagem mais "humanizada" do capitalismo.
Enquanto a injustiça social e a desigualdade econômica foram a mola-mestra do sistema (Bato na mesma tecla: se você tivesse saúde, moradia, emprego, educação e segurança adequadas, ia ralar que nem um camelo para que?), o mundo vai seguir como sempre foi. Não existe alternativa a curto prazo, a menos que TODOS consigam terminar seu doutorado e garantir um emprego com salário de 5 dígitos. Mas, para isso acontecer de verdade, teremos que criar robôs que reciclem nosso lixo e limpem nossas casas, executando todas as atividades que consideramos "indignas".
Era mais ou menos isso que eu estava refletindo. Eu queria ter colocado mais coisas, sobre conhecer e convencer as pessoas de que você tem o que elas procuram, como funciona esse esquema dentro da grande empresa na qual eu trabalho, mas acho que isso vai ficar para o meu livro. Desde já, conto com vocês para a festa de lançamento, hein? Não Percam!!!
2 Comments:
At sábado, 05 abril, 2008, Fabio said…
De vez em quando eu penso sobre isso também, mas dá uma dor de cabeça.
Por isso acabo brincando de cínico. Não sei se é o melhor jeito, mas pelo menos evito morrer de úlcera.
At terça-feira, 08 abril, 2008, Anônimo said…
Eu também não sou idealista, pelo menos, não mais. Existe toda essa sacanagem, exclusão e etc, mas tem o outro lado. Por exemplo, você rala, rala, se fode, mas consegue comprar enfim um carro decente. Você vai andar a pé só porque milhões de pessoas não podem ter um automóvel? Lógico que não! Mesmo que você fique preso no trânsito, eu quero mais é dirigir. E não é questão de egoísmo, mas de realização, tipo "Pô, finalmente consegui uma coisa legal com o meu esforço!". É muito complicado analisar isso...
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