Dicas de Cultura Inútil

Se você tenta ler Nietzsche ou Joyce e não consegue, tenta assistir Godard ou Bergman e dorme no meio, não diferencia Monet de Manet e nem sabe quem foi Emmanuel Kant, PARABÉNS! Você está no blog certo!

16 fevereiro, 2008

Bleargh!!!

Honestamente, o tempo vai passando e a nossa paciência para coisas medíocres também. Quem me conhece hoje, pode não acreditar, mas eu conseguia assistir a Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball na televisão. Era o que tinha de anime, não havia escolha. Hoje você pega o que quiser no Emule ou no LimeWire, não precisa se torturar vendo qualquer coisa só para evitar os BBBs e Gugus da vida.

Se não quiser baixar, vai no Youtube, no DailyMotion e assiste online mesmo. Foi assim que eu vi os desenhos da Pucca, essa personagem japonesa que aparece num monte de produtos infantis (mochilas, estojos, cadernos, etc) e teve até boneca no McLanche Feliz. Pensei que era sem graça, mas acabei gostando e rindo muito. Ela é uma espécie de Pepé Le Pew (O famoso gambá francês da Warner) nipônica, sempre correndo atrás do ninjinha Garu para enchê-lo de beijos. Ele, por sua vez, tenta fugir de Pucca e nunca consegue. É uma estrutura simples, repetitiva, que rende excelentes piadas.

Por outro lado, existem animes que possuem dúzias de personagens, relacionamentos complexos, um visual bonito e sofisticado, mas história que é bom, nenhuma. Esse é o caso de Bleach, que acabei de conhecer. Na verdade, eu vi um movie dessa série chamado Memories of Nobody (na tradução do "legendador"), porque ganhei o DVD de presente. Ok, com certeza irão me dizer que esses longas são feitos para quem conhece a série, é fã e usa o avatar do Ichigo (o protagonista) na comunidade Otaku, mas, cacete, precisava de tanto clichê?

Sejamos francos, a trama não desperta o menor interesse no espectador. Depois de um início que estabelece o universo ficcional, vem o clássico mistério nunca visto na série. Simples desculpa para que apareçam todas as personagens num só desenho, inclusive um vilão novo e inofensivo, que é derrotado sem muita dificuldade. E todos viveram felizes para sempre. TO-TAL-MEN-TE Descartável!

Fiquem com a Pucca, é melhor:






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12 fevereiro, 2008

Curtas da Pixar 2: Luxo Jr.

Se você não sabe porque o símbolo da Pixar é uma luminária, então você nunca viu Luxo Jr (idem, 1986). Realizado dois anos depois de The Adventures of André and Wally B., o segundo curta de John Lasseter, Ed Catmull e cia mostrava duas lâmpadas interagindo. A maior fazendo o papel de um adulto, enquanto a pequena parecia uma criança brincando (o tal junior).

Nessa época, Steve Jobs (recém-saído da Apple) tinha comprado o departamento de computação gráfica da Lucasfilm e fundou uma empresa chamada Pixar, cujo nome era derivado de pixel, ou Picture Element, a menor unidade que compõe as imagens no monitor de vídeo. O foco da nova empresa não era animação, eles simplesmente criavam ferramentas e sistemas de computação gráfica para outras áreas, usando os curtas animados por Lasseter para demonstrar a capacidade do software.

Apesar de não ter um background elaborado como a floresta do filme anterior ou qualquer movimento de câmera, a qualidade da animação é bem melhor. Basta observar os efeitos de iluminação cada vez que as lâmpadas se mexem, e a expressividade desses objetos, que ganham vida de forma convincente. Além disso, temos um roteiro criativo, com boas piadas e muitas surpresas.

Luxo Jr foi ovacionado na SIGGRAPH (convenção anual de computação gráfica), sendo inclusive indicado ao Oscar de Melhor Curta Animado. Mas, apesar disso, não trouxe muito retorno financeiro, o que fatalmente impedia qualquer investimento para a realização de um longa-metragem animado por computador.




Pixar premier court Métrage pourquoi pixar a une lampe logo
Colocado por oikepon

11 fevereiro, 2008

A Rainha da Formatura

Houve uma época em que ser paranormal no cinema era uma coisa difícil. Sem o charme e o heroísmo dos X-men para servir de parâmetro, ter qualquer tipo de poder extra-sensorial (telepatia ou telecinese) era uma verdadeira maldição. Podemos incluir Scanners (1981) nessa lista, mas estou falando especificamente de Carrie, A Estranha (Carrie, 1976).

Adaptado do primeiro romance de Stephen King, o filme conta a história de uma menina reprimida, alvo constante das gozações e maldades das colegas de escola. Filha de uma mulher fanaticamente religiosa, que vive e age como uma puritana do séc. XVI, Carrie (Sissy Spacek, numa perturbadora interpretação) vai encontrar um ombro amigo apenas na professora de educação física, a Sra Collins.

O que ninguém sabe, mas fica bastante claro para o espectador, é que essa garota infeliz e confusa começa a manifestar poderes mentais, logo após menstruar pela primeira vez. Desse momento em diante, inicia-se uma série de eventos que terão seu clímax macabro na famosa cena do baile de formatura, pela qual o filme é conhecido.

O diretor, Brian De Palma, na época estava em ascenção. Inspirado, ele fez de Carrie um rico exemplo de simbolismos e paralelos interessantes. Basta ver como o sangue conecta a cena do vestiário com a do baile, nas duas vezes em que a protagonista é humilhada publicamente. Ou como a morte de determinada personagem remete à imagem do santo flechado, que está no quartinho de orações da casa da menina.

Audacioso, o sujeito ainda teve a coragem de renomear a escola da personagem como Bates High School, reaproveitando os acordes sinistros compostos por Bernard Herrmann, numa clara "homenagem" a Psicose (Psycho, 1960). Pena que a carreira dele começou a oscilar depois, não fazendo mais por merecer o título de discípulo de Hitchcock.

Segue o trailer:


05 fevereiro, 2008

The Kid aren´t allright, but...

Para mim, o The Who é uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Essa opinião levou anos para ser formada, desde a primeira vez em que eu ouvi My Generation. Ela se tornou uma das minhas músicas favoritas, com facilidade, graças ao vocal gaguejado de Roger Daltrey, ao baixo cadenciado de John Entwistle e à bateria alucinada de Keith Moon.

Confesso que demorei para gostar das outras músicas do grupo, e isso só aconteceu depois que eu comprei a coletânea chamada My Generation - The Very Best of. Foi ouvindo esse CD e pesquisando sobre eles que descobri quem era Pete Townshend, aquele desengonçado e tímido guitarrista que destruia seu instrumento no final dos shows.

Introspectivo, Townshend deixava os holofotes para o vocalista galã e o baterista doidão, contentando-se em dar pulinhos esquisitos enquanto tocava. Mas ele era o cérebro do The Who, o gênio que compunha as músicas e dava voz aos milhares de nerds "substitutos" que "não sabiam explicar". Magro, alto, feio e narigudo (hoje em dia careca), Pete nunca foi um rockstar no sentido pleno da palavra.

Mas o sujeito estava lá quando começou, viu as coisas acontecendo e falou delas. Ainda sobreviveu para contar a história, ao contrário de tantos Jimmis, Jims e Janis que sucumbiram no caminho. Justo ele, que queria morrer antes de ficar velho, descobriu na velhice a juventude.

É, Pete, ninguém sabe como é ser o homem mau...

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04 fevereiro, 2008

Coletânea - Vídeos Engraçados - Parte II

Eu selecionei aqui 3 vídeos, também famosos e hilários, mas com uma diferença crucial: Eles não são fruto de um humor involuntário; mas, sim, gerados pela mente criativa de gente com talento, que ralaram em cima do texto até alcançar esse resultado.

TERÇA INSANA - "SEU MERDA"


DIOGO PORTUGAL - "Elvisley, o BOY"


MELHORES DO MUNDO - "JOSEPH KLIMBER"

Os Bandidos mais legais do cinema atacam novamente!

Acordei sem sono, durante a madrugada. Horário perfeito para assistir a um filme. Assim, coloquei Golpe de Mestre (The Sting, 1973) no DVD e deixei rolar. Foram duas horas agradáveis ao lado de Paul Newman e Robert Redford, mas agora chegou a hora de uma análise mais séria.

Mais do que qualidade, esse filme tem um charme que resiste ao tempo. Ele tem estilo, tem a marca de um cineasta (George Roy Hill) que soube transformar um bom roteiro numa obra inesquecível. A história é bem contada e devo confessar que me deixou em dúvida várias vezes, sobre o grau de lealdade de Johnny Hooker (Redford) para com Henry Gondorff (Newman).

No início, eles se juntam para dar um golpe num chefão irlandês, chamado Doyle Lonnegan (Robert Shaw, sinistro). No caso de Hooker, a trapaça é motivada por um forte desejo de vingança, já que Lonnegan mandou matar seu colega e mentor de vigarices, também amigo de Gondorff. Os dois armam um plano corriqueiro, usando o clichê do capanga que quer passar a perna no próprio chefe.

Embora simples, a execução do golpe é trabalhosa e exige a mobilização de várias pessoas e muito dinheiro, sendo que o segundo item é fornecido pelo alvo, sem querer é claro. Para complicar ainda mais, Hooker é perseguido durante todo o filme. Seja pelos capangas de Lonnegan (com destaque para Salino, o assassino misterioso), seja pelo obeso e corrupto Detetive Snyder (Charles Durning), uma pedra no sapato de qualquer vigarista.

Contando com uma deliciosa trilha sonora, que dita o ritmo narrativo de maneira brilhante, Golpe de Mestre ainda resgata Scott Joplin, compositor de rags, do ostracismo para o Oscar de melhor música. Excelente também é a reconstituição da década de 30, que faturou os prêmios de figurino e direção de arte da Academia.

Além dessas, The Sting também ganhou mais 4 estatuetas: de Edição, Roteiro Original, Direção e Melhor Filme. Nada mais justo para coroar a colaboração entre Newman, Redford e o diretor George Roy Hill, começada em Butch Cassidy and The Sundance Kid (1969). Abaixo, seguem os créditos iniciais do filme, ao som de "The Entertainer", que uma alma caridosa colocou no Youtube:

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02 fevereiro, 2008

Coletânea - Vídeos Engraçados - Parte I

Aqui estão, juntos, 3 vídeos bem famosos na internet tupiniquim. Numa curiosa semelhança, todos são protagonizados por pessoas comuns, que tiveram suas gafes gravadas e publicadas em diversos blogs. Em qualquer outro lugar do mundo, isso seria considerado um tremendo azar. Aqui no Brasil, graças a nossa inversão de valores, eles se tornaram celebridades instantâneas, eventualmente ganhando dinheiro com isso.

Os vídeos são incrivelmente hilários, embora eu considere revoltante morar num país em que qualquer imbecil famoso consegue ser rico e bem-sucedido, ao contrário de alguém que trabalhou duro e estudou a vida toda, fazendo MBA, mestrado e doutorado. Tem gente até que defende o sujeito, dizendo que, se o camarada está enchendo o rabo de grana, burros somos nós. Mas isso é assunto para outro post...

RUTH LEMOS


JEREMIAS


CARRO VELHO